domingo, 27 de março de 2016

Leonard Mlodinow - De Primatas a Astronautas


Leonard Mlodinow -
De Primatas a Astronautas

De Primatas a Astronautas - A jornada do homem em busca do conhecimento, de Leonard Mlodinow, Editora Zahar, Rio de Janeiro, 2015.


De Primatas a Astronautas não é outra versão de Sapiens, de Yyval Noah Harari. As duas obras são, no mínimo, complementares. Leonard Mlodinow, que além de físico é escritor e roteirista, também parte da origem do homem, mas faz um percurso original ao descrever os passos dados pela humanidade na compreensão do universo científico, de Aristóteles até hoje. Mais do que uma história do universo, o livro é, como o próprio subtítulo diz, uma história do pensamento humano.

O que Aristóteles pensava do universo? Qual foi o seu enorme legado? E as suas lacunas? Muito do pensamento aristotélico foi superado com o tempo... Superado por quê? Ou melhor: por quem?

A história de Galileu é bastante conhecida. Mas o que sabemos sobre as descobertas de Newton além de que a queda da maçã o fez compreender a lei da gravidade?
Ficaremos surpresos ao saber que a história da maçã foi de pouca relevância e sequer foi o gatilho para a compreensão do cientista britânico.

Depois da física, personificada por Newton, o que significou a descoberta da química? Todos trabalhamos, na adolescência, com a Tabela Periódica, mas não imaginamos o incrível trabalho de pesquisa e experimentação que teve o russo Mikhail Lomonossov para concebê-la, nem o que ela representou, na época, para as ciências.

Há quem ainda se lembre de Lavoisier, talvez pelo célebre enunciado: "Na natureza nada se cria, nada se perde; tudo se transforma".

Mas o químico francês fez mais do que isso...

Depois da física e da química, "surge" a biologia, com Hoke e Darwin, entre outros. Até chegarmos a Max Planck e Einstein, com a mecânica quântica e a Teoria da Relatividade. Por trás de cada descoberta existiram outros nomes pouco conhecidos, mas que contribuíram expressivamente para que a ciência se configurasse como aconteceu e para que tivéssemos, hoje, smartphones, drones e estações espaciais fotografando Marte.

A jornada descrita por Mlodinow é entusiasmante, como um grande livro interessante e bem-humorado que o "leitor" folheia e se surpreende pelos novos conhecimentos e descobertas.
Faz pensar num conceito proposto em 1976 por Chiara Lubich, que não era cientista, mas pensadora e escritora: "Cada um de nós escreve uma página do livro (da história) da humanidade... O livro inteiro é escrito por toda a humanidade".

Com a ajuda de Leonard Mlodinow descobrem-se páginas fundamentais para a história e o pensamento humano, escritas por muitas mãos, por muitas vidas. E o resultado, embora ainda em curso, é deslumbrante!

Os arqueólogos às vezes comparam inovações culturais a um vírus. Como um vírus, as ideias e o conhecimento exigem certas condições - nesse caso, condições sociais - para vicejar. Quando essas condições estão presentes, como em populações grandes e conectadas, os indivíduos de uma sociedade podem contagiar uns aos outros, e a cultura pode se disseminar e evoluir. Ideias que sejam úteis, ou que simplesmente proporcionem mais conforto, sobrevivem e dão surgimento à seguinte geração de ideias. Companhias modernas, que dependem de inovações para seu sucesso, sabem bem disso.

NA ESTANTE, por Fernanda Pompermayer, Revista Cidade Nova - março 2016, n. 3, pág 48. 

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